quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A Sociedade do Espetáculo...


Adoro acordar todos os dias me sentido de bem com a vida, para isto acontecer naturalmente analiso constantemente minhas falhas; daí que num desses momentos de análise, e perante todas as delongas das minhas constantes buscas de superação da ignorância, encontrei, em uma das pesquisas no Google, o livro A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debor... 

Sem nenhuma intenção de apresentar, aqui, um discurso que expresse o ponto alto dos nossos próprios limites: postarei alguns fragmentos deste livro como sugestão de boa leitura que possibilitará o alívio dos sintomas da ignorância... Esta obra foi publicada pela primeira vez em novembro de 1967, em Paris; uma serie de reedição sucederam até 1991; percebe-se então a fundamental importância dela para compreendermos um pouco sobre a desordem a qual se instaura no Mundo atual...    

... “Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espetáculos... Tudo o que era diretamente vivido se esvai na fumaça da representação... As imagens fluem desligadas de cada aspecto da vida e fundem-se num curso  comum, de forma que a unidade da vida não mais pode ser restabelecida...  A realidade  considerada parcialmente reflete em sua própria unidade geral um pseudo mundo à parte, objeto de pura contemplação...  A especialização das imagens do mundo acaba numa imagem autonomizada, onde o mentiroso mente a si próprio... O espetáculo em geral, como  inversão concreta da vida, é o movimento  autônomo do não-vivo.

O espetáculo é ao mesmo tempo parte da sociedade, a própria sociedade e seu instrumento de unificação... Enquanto parte da  sociedade, o espetáculo concentra todo o olhar e toda a consciência. Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido e da falsa consciência; a  unificação que realiza não é outra coisa senão a linguagem oficial da separação generalizada... O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens. 

O espetáculo não pode ser compreendido  como abuso do mundo da visão ou produto de  técnicas de difusão massiva de imagens... Ele é a expressão de uma  weltanschauung, materialmente traduzida... É uma visão cristalizada do mundo. 

O espetáculo, compreendido na sua totalidade, é simultaneamente o resultado e o  projeto do modo de produção existente... Ele não é um complemento ao mundo real, um adereço  decorativo. É o coração da irrealidade da sociedade real. Sob todas as suas formas particulares de informação ou propaganda,  publicidade ou consumo direto do entretenimento, o espetáculo constitui o modelo presente da vida socialmente dominante...  Ele é a afirmação onipresente da escolha já feita na produção, e no seu corolário — o consumo”...