domingo, 1 de julho de 2012

Senhora do Tempo...


Estou perdida no tempo... e pensando nele construí uma imagem: ao ler um texto qualquer, interpretei uma escrita (este é o meu Tempo) que não me pertence; recolho-me, crio e recrio vários significados... O Tempo então surgiu aí, não como uma dimensão do meu Mundo exterior, mas como uma orientação significativa para  meu ser...

Longe e muito longe do ser exterior está o Tempo como criação duma realidade demasiadamente humana (creio que não seja necessário dizer aqui que não se trata do Tempo Histórico)... Analisar o tempo é observar o ser humano nas suas contradições: na tensão do ficar ou do ir; do fixo e do transitório; da vida e da morte; do poder e da impotência; do mobilizador e do inerte...

No “Mito do Eterno Retorno”, o teórico  Mircea Eliade diz que os mitos temporais  organizam-se em grandes ciclos que apresentam uma degradação e uma regeneração nos períodos do mundo histórico, segundo ele: os Gregos, Hindus, Germanos  e Astecas contam que a humanidade passou por fases maravilhosas de apogeus e áureas onde aos pouco foram escurecendo  para chegar no tempo das trevas, assim haverá o ressurgimento do paraíso primordial: aqui é apenas um enfoque tradicional do tempo para compreender a percepção dele, mas questiona-se a consciência do tempo  vivido; durável; memorável e que orienta o tempo social para situar o ser em sua historicidade!... Na tradição o tempo é percebido como algo exterior ao ser, porém que para ele pode e deve de ser  manipulado  em proveito próprio  e mais tarde afirmar-se-á como o seu Senhor...

Ainda informa Eliade:  o tempo não existe como entidade, como pressuposto  anterior e exterior ao homem... O tempo é apenas um ponto  de vista, numa perspectiva histórica... É uma direção irreversível  para os indivíduos e as espécies... Não somente os homens, como também os deuses, obedecem ao Tempo... Assim disse  Prometeu a Zeus: “Quem forjou este homem que sou, senão o Tempo todo-poderoso e o Destino eterno, meus amos, que são também os teus?”... De acordo com Heidegger o tempo situa-se “como horizonte da compreensão do ser, a partir da temporalidade como componente do ser”... E assim, no “Mito do Eterno Retorno”, Mircea Eliade acrescenta: “Somos devorados pelo tempo, não por nele vivermos, mas por acreditarmos na realidade dum tempo”...

Voltando ao tempo mítico de nosso interior -  como superação da morte e da redenção do sofrimento -, vivo um Tempo sagrado que assegura-me o acesso à felicidade, dessa forma  nego, com ele, a impermanência, tornando-me irredutível (indomável, invencível somos o senhor do Tempo)... Nosso tempo está no mundo da coexistência, definindo-nos como ser social  e de crescimento individual indo ao encontro de Outros encontros... Por isso, envolvida de bons pensamentos e em busca de ideias novas para uma vida melhor e harmoniosa: deixo, através dessas palavras, um agradecimento pela  portunidade (que teu Olhar me proporcionou) de construir incansavelmente um caminho ao encontro sereno dos  corações...