quinta-feira, 24 de maio de 2012

Uma Concepção de Vida sem Dialética...

Numa concepção pouco dialética da vida, vivencio a ternura das flores, como uma intensa possibilidade de apreender uma lição de amor... Aqui estou sem nenhuma intenção específica de argumentar sobre conceitos (que expressem as contradições das sínteses socrática) contidos nas dúvidas sistemáticas e elucidativas das leis  da dialética, porque assim encontro a verdade: eis a lógica da Natureza!...
Às vezes, piso na brisa suave das palavras, quando ouço uma canção interpretada com emoção... Também gosto de observar a beleza singela da Natureza, pois sinto nela, mesmo nos dias nublados, todo o poder da criação através do brilho da luz do Sol... Tudo que vem do Universo é-me motivo para refletir e silenciar-me: tanto que descubro o segredo da linguagem da Lua,  e sua ternura irresistível se transformam em meigas líricas sob a revelação do olhar... O aroma das flores exala perfumes tão leves que penetram em meu corpo e se transformam em sonhos fascinantes... Por conseguinte, não consigo ficar indiferente perante as gotinhas de orvalho; do mesmo modo que, ao observar a densidade das correntezas dos rios, percebo um denso fluxo de memória correndo em busca do mar...    
Bem, isso é somente para esclarecer: de maneira desinteressada, entretanto, me aproprio das  teorias e conceitos  quando estou com falta de inspiração, apenas faço uso deles, em alguns momentos, para complementar alguma ideia; ação esta totalmente permissiva por normas e convenções, pois existem as aspas para legitimarem, porque as teorias e conceitos jamais foram questão de propriedade de alguém, mas sim de inspiração no discorrer dum pensamento; pois as palavras são livres quando estão num dicionário, livro, enciclopédia, ensaio, etc; mas quando elas são resultado da experiência de alguém, não: bem sei disso... Inclusive  já travei grandes lutas contra àquela velha forma hipócrita do pensamento científico e literário que se beneficiam da Propriedade Intelectual Empírica, e acabam por fazerem grandes publicações com fins muito, muito, mas muito mesmo, lucrativos; e com total ausência de critério que favoreça ao proprietário da ideia; diferentemente de quem apenas utiliza com propósitos  ilustrativos  de suas próprias idéias ou pensamento...  
Enfim, para Deleuze os grandes pensadores necessitam do inesperado para produzir, da mesma forma que necessitam do ar para respirar... Assim, eu também necessito subitamente da arte e da natureza como fonte de inspiração, bem como  para relaxar; da mesma forma que necessito do oxigênio para viver... Para mim, a Natureza é uma questão de vida, principalmente... E daí? :)... Tens alguma dúvida quanto a isto? ;)...  Vamos a ver onde estar à ‘razão quando a razão erra’?...

Então eis um trechinho da orelha de “Conversações” que pode muito bem reafirmar o que eu digo: ... ‘Um pouco de possível, senão eu sufoco’: “Foram com estas palavras que Gilles Deleuze definiu o motivo que teria levado Michel Foucault, na última fase da sua obra e vida, a se lançar de forma tão inesperada à descoberta dos processos de subjetivação... Um grande pensador precisa do inesperado, assim como necessita do ar para respirar; o pensamento, de acordo com Deleuze, jamais foi questão de teoria, mas sim de vida”... aqui quem escreveu isto: (Peter Pál Pelbart: tradutor do livro “ Conversações” de Gilles Deleuze)...