sábado, 28 de abril de 2012

Cines Selvagens...

"Todos nós, que amávamos a revolução, temos que ler Cisnes Selvagens, de Jung Chang. Seu impacto foi enorme na Europa, exatamente por ser um livro necessário. Se ele passou até agora relativamente desapercebido no Brasil, não deve ser por acaso. Deve ser porque ainda nos recusamos a abandonar nossos mitos.

Trata-se de uma leitura dolorosa, porque o tempo todo somos tomados por perguntas sobre nós mesmos. Como pudemos nos deixar enganar tanto, e durante tanto tempo? Como podemos admirar tão profundamente a Revolução Cultural chinesa, que humilhava velhos professores de barbas brancas, e levava ao suicídio militantes dedicados do Partido Comunista, que transformava jovens educados em imbecis raivosos e petulantes, que encobria através de uma onda de terror sofisticado, a incompetência e a senilidade de Mao Tsé Tung?

Mas, Cisnes Selvagens é, acima de tudo, uma narrativa fascinante e um modelo de pesquisa histórica. A autora, Jung Chang, chegou a pertencer à "Guarda Vermelha" enquanto seu pai, dirigente comunista, era levado à loucura pela Revolução Cultural. Com uma bolsa de estudos na Inglaterra, sob a evidente influência da nova literatura feminista, Jung Chang decidiu passar suas idéias a limpo, pesquisando a história de sua família como parte da história da própria China. Começou com a avó, Yu Fang, que aos 15 anos de idade, em 1924, foi obrigada por seu pai a casar-se com um "general-caudilho", que já tinha três outras mulheres. Esse era um tempo em que vastas regiões da China viviam sob o domínio de bandidos ou chefes políticos igualmente cruéis e corruptos. O avô de Jung Chang foi um deles. Esse era um tempo, também, em que as mulheres ainda eram obrigadas a esmagar e manter amarradas as articulações dos pés, para que seu andar fosse tão gracioso como o deslocamento dos cisnes nas águas de um lago tranqüilo"... Para leitura completa da resenha...