quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Uma tragédia brasileira...

A dizimação que as populações indígenas vivem hoje é parte de uma tragédia que começa no dia 22 de abril de 1500, com a chegada dos europeus ao Brasil, iniciando o processo de destruição de uma raça e sua cultura, exterminando os donos legítimos desta terra e tomando posse de um país que, a partir daquele instante, passava a pertencer ao novo mundo, mais precisamente a Portugal. Novos costumes – anunciados como superiores, por virem de povos desenvolvidos – foram impostos e assim, a partir do momento em que aquelas três caravelas aportaram na costa brasileira, começava o calvário das populações indígenas.

A mentira que tenta justificar o poder português nos foi contada a vida inteira, desde as escolas primárias, como a saga fascinante de um grande navegador, Pedro Álvares Cabral, que, depois de tanto vagar pelos mares em direção às Índias, se deparou com uma terra nova. Esse grande aventureiro teria então descoberto o Brasil. “Fala-se em descobrimento, mas como descobrir uma terra já descoberta e habitada?, pergunta José Luiz Quadros, professor de Direito da PUC-Minas.

Ou seja, não houve descobrimento algum e todo o conto de fadas relatado nas escolas não passa de uma invenção, já que o que aconteceu depois que os portugueses puseram os pés nessas terras o que aconteceu foi um grande genocídio, uma devastação sem precedentes de um povo e de sua cultura tida como pecaminosa pela Igreja por se tratar de uma gente preguiçosa que, aos olhos europeus, não gostava de trabalhar, juntar riquezas, só se preocupava em conseguir o necessário para a sua sobrevivência.

“O europeu nunca viu o índio como igual, como um detentor de direitos, como uma pessoa. Ele viu o índio, desde a sua chegada, como um facilitador na exploração da nova terra, como um conhecedor dos produtos das florestas, como mão de obra, as belas mulheres como forma de matar seus desejos sexuais, na falta de mulheres portuguesas”, ressalta Wilson Matos da Silva, índio, advogado e presidente da Comissão Especial de Assuntos Indígenas da OAB/MS.
 
O índio sempre foi usado pelo português, seja para a reprodução, seja para a guerra contra tribos tidas como inimigas que atrapalhavam os planos mercantilistas de Lisboa, seja como escravo, mas nunca visto como um indivíduo detentor de costumes próprios, legítimo dono da terra e das riquezas nela existentes. Ao contrário, eram considerados um povo sem religião que deveria assimilar uma nova cultura, ou serem banidos, dando lugar à nova civilização européia. Em poucos séculos, essa nova civilização expulsaria os índios para o interior do país, acabaria com seus costumes e sua forma sustentável de lidar com a floresta até que não restasse sequer uma aldeia que não se rendesse ao domínio português...
 
Por Marco Lacerda, Dom Total: aqui para uma leitura completa...