sexta-feira, 8 de julho de 2011

A Emoção: O Toque da Alma...

Estava eu em plena ebulição da memória... Rememorando e vasculhando o passando (lendo meus poemas e  arquivos antigos) em busca de alguma explicação para o mar de lágrimas em que eu estava navegando nesses últimos dias: tudo era motivo para desânimo e choro, foi apenas uma busca vã... Daí, hoje ao ler meus blogs prediletos encontrei uma breve explicação num texto do escritor J. Rentes de  Carvalho, ( exposto abaixo) “A Dor”, mas não foi suficiente...

Continuei com as buscas e reli uns fragmentos (“a emoção, o toque da alma”) do escritor Pierre Lévy acerca do sofrimento, como condicionante dos nossos males existenciais, segundo ele: “Quanto mais sofremos, mais o ego se fortalece... Achamos que sofremos por nós, e que o sofrimento é necessário... Acreditamos que sofremos para suprimir o sofrimento e que ele logo desaparecerá... Mas, ele sempre volta mais forte e, habitualmente, nem mais o sentimos: aqui é que ele ganha terreno... E quanto mais sofremos, menos queremos olhar o sofrimento de frente, pois tal atitude nos obriga a nos questionar profundamente. Na verdade, não pelo contrários, só assim poderíamos nos reencontrar... Ora, é justamente esse o problema: não somos capazes de distinguir entre o "si" e o "ego", tememos, portanto, nos perder... Não sabemos mais quem somos. Então, continuamos a nutrir nossos parasitas, esperando que isso provoque algum alívio em nossa situação... E assim nos tornamos dependente do sofrimento”...

Tal explicação sobre o sofrimento me trouxe um alivio para minha Dor, foi quando eu percebi o que Lévy diz sobre os “mecanismos que provocam o sofrimento que se auto-sustentam, nutrem-se da energia da alma para fazê-la voltar-se contra si mesma... Tornando-se necessários para fazer-se passar por ela e, enquanto na verdade, estão é trabalhando para destruí-la... Portanto o ego é a imagem protetora que o conjunto desses parasitas se edificam a fim de enganar a alma”...

Devo confessar que Pierre Lévy foi mais elucidativo - para mim – na “ecologia do sofrimento”, onde me diz: “Sinta suas emoções negativas, porque elas são os sinais que o permitem proteger-se e dirigir sua vida... Para fazer uma analogia com a esfera do corpo, se você não sentisse dor, se passasse o tempo se anestesiando, correria o risco de se queimar, se cortar, acabaria terrivelmente estropiado... Ora, diz ele, isso é exatamente o que costuma acontecer na esfera da alma... A emoção é nossa interface com o mundo. Se nossa alma tivesse pele, seu toque seria emoção... Pois, a armadura que vestimos sobre a alma a fim de protegê-la de eventuais golpes também está protegendo-a de qualquer afago... Os ferimentos são nossas maiores riquezas, eles mantêm aberto o caminho para o coração... quando congelamos o coração com medo de vê-lo sofrer, deixamos-lo morrer para a alegria... A insensibilidade ao sofrimento provoca a morte da alma”...

Tem mais: “Diante das emoções duas atitudes são possíveis. Ou as transformamos em atos, isto é, sentimo-las, vivemo-las plenamente, percebemo-las claramente como acontecimentos de nosso fluxo de experiências; ou só as sentimos pela metade, acreditamos que representam a realidade e então, bem naturalmente, as tornamos reais... Quando as emoções se realizam, isto é, quando desencadeiam indefinidamente outras emoções e outros pensamentos, quando se transformam em palavras e atos, então elas acabam nos encerrando ainda mais na prisão real que não cessamos de construir: a ilusão”!... (p. 47)

Por fim, encontrei mais explicações que podem agora desfazer minhas ilusões, pois a Dor que eu sentia (desejo não mais sentir-la), nada mais era do que a petrificação dum sentimento ilusório, foram emoções construídas desde uma primeira e desconhecida escrita que eu li: a Tua saborosa Palavra!... Reconheço que foi uma paixão (virtual) à primeira palavra lida e sentida... E, confesso: foi o mais tirano de todos os meus desejos ilusórios... Mas também reconheço que me libertarei desse teu fogo abrasador; e voltarei, novamente, transformar minha Dor em poesia...

- Citações d’O Fogo Libertador, Peirre Lévy.